Plano de combate à seca é considerado insuficiente. SC e União anunciaram R$ 28,6 milhões, mas dirigentes locais acham medidas apenas razoáveis

O pacote de R$ 28,6 milhões dos governos federal e estadual, confirmado nesta segunda-feira (16), em Chapecó, com a presença de três ministros e do governador Raimundo Colombo, foi considerado insuficiente para combater o problema recorrente de seca no Oeste catarinense.

O plano prevê ações emergenciais, como recursos para os municípios bancarem serviços de transporte de água e renegociação de dívidas, mas também medidas a médio e longo prazo, como perfuração de poços e crédito para construção de cisternas e sistemas de irrigação.

Os R$ 10 milhões do Ministério da Integração serão utilizados para perfuração de 333 poços artesianos, o que dará uma média de quatro poços por município. Cada município deve receber um distribuidor de adubo orgânico, já que o Estado liberou R$ 1 milhão para a compra destes equipamentos, que custam, aproximadamente, R$ 15 mil.

O prefeito de São Carlos, Élio Godoy, considerou as medidas apenas "razoáveis". Ele lembrou que muitos poços perfurados em seu município não dão água. E que é necessário investimento mais forte em reservatórios e cisternas. Ele já gastou cerca de R$ 50 mil com o transporte de água.

O governo do Estado liberou R$ 10 milhões para bancar o juro de financiamento de cisternas, sistemas de captação e armazenagem de água e distribuição. E também assinou um termo de cooperação técnica com as agroindústrias para incentivar a instalação desses sistemas nos aviários e pocilgas. O presidente da Aurora Alimentos, Mário Lanznaster, afirmou que a empresa vai incentivar seus integrados a acessarem o programa Juro Zero.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Bandeira Florence, disse que as dívidas que vencem neste início de ano foram prorrogadas para 31 de julho. E que elas podem ser renegociadas em até cinco anos.

O coordenador da Federação da Agricultura Familiar da Região Sul, Fetraf-Sul, Celso Ludwig, destacou que o que foi anunciado ontem é muito pouco. E entregou uma pauta de reivindicações para os ministros.

– Não pode ficar só nisso senão é fogo de palha – explicou.

Ludwig disse que a prorrogação das dívidas não resolve o problema. Os ministros afirmaram que o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária vai atender os atingidos e que os técnicos da Epagri estão fazendo os laudos das perdas.

Em Santa Catarina, 3,2 mil produtores, dos 130 mil contratos de custeio, já solicitaram o Proagro. Mas o programa só pode isentar o financiamento a partir de 30% de perdas, garantindo uma renda para o produtor de, no máximo, R$ 3,5 mil.

O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, afirmou que o governo vai desenvolver ações para evitar que a situação se repita nos próximos anos. Ludwig disse que é necessário investimento em irrigação, com recursos subsidiados, para garantir parte da produção.


Diário Catarinense – 17/01/12